A deflação é definida como uma queda generalizada e prolongada no nível de preços de bens e serviços em uma economia. De acordo com os especialistas, essa queda deve durar pelo menos dois semestres. A principal causa desse fenômeno é uma queda na demanda.

Deflação (Foto - Pexels)

A deflação cria um círculo vicioso em que, à medida que a demanda cai, as empresas veem seus lucros caírem, pois precisam reduzir os preços para conseguir vender. Como resultado, elas precisam cortar custos, o que significa que precisam cortar funcionários. Por sua vez, se as pessoas ficarem desempregadas, a demanda continua caindo, pois elas também deixarão de comprar, e assim por diante.

Além disso, esse efeito é acompanhado por um aumento automático na taxa de juros, uma vez que a taxa de juros seria, na verdade, a taxa acordada, mais a taxa de deflação.

O que é deflação? 

Antes de tudo, a deflação é a queda no nível geral de preços de um país, ou seja, o fenômeno econômico oposto à inflação. Para calcular a queda nos preços, o nível de preços de uma cesta representativa de bens e serviços consumidos por uma família vira referência. Geralmente usando o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).

Como você pode imaginar, a queda dos preços é sempre bem-vinda tanto para poupadores quanto para investidores. Entretanto, ela tem consequências negativas para a economia de um país, e é por isso que os governos tomam medidas para combatê-la.

Inflação e deflação como processos

Um aumento pontual nos preços não leva necessariamente à inflação, assim como uma redução pontual nos preços não leva necessariamente à deflação. A palavra-chave é “leva” porque a inflação tem a capacidade de gerar uma nova inflação e a deflação pode levar a uma nova deflação.

Esse processo de inflação que leva a uma nova inflação ou de deflação que leva a uma nova deflação é influenciado de forma crucial pelas expectativas dos agentes econômicos. Por exemplo, se os vendedores esperam que os preços subam, eles podem decidir que é melhor adiar a venda. O mesmo acontece com os compradores quando acham que a deflação tornará a compra mais barata daqui a algum tempo.

Também fundamental para esse processo, no qual a deflação ou a inflação se retroalimenta, é a inter-relação entre os diferentes preços que encontramos na economia. Por exemplo, diante de um aumento prolongado nos preços ao consumidor ou de uma expectativa de aumento, os trabalhadores podem exigir salários mais altos para manter seu poder de compra. 

Esses aumentos salariais elevarão os custos das empresas (já que os salários representam o preço de um dos principais fatores de produção: a mão de obra). Os custos empresariais mais altos acabarão sendo repassados, em maior ou menor grau, nos preços finais dos bens e serviços consumidos. Em última análise, é provável que isso leve a uma inflação mais alta.

Causas da deflação

Por que ocorre a deflação? Há duas causas:

  • Redução da demanda, ou seja, as pessoas estão comprando menos do que antes. Geralmente, isso ocorre devido a uma crise econômica, o que significa que as famílias precisam controlar seu consumo, reduzir seus gastos e, em resumo, gastar menos porque têm menos renda. Nesse contexto, as empresas são forçadas a reduzir seus preços para mitigar a menor demanda. Quando isso acontece de forma generalizada, o nível de preços de um país cai.
  • O excesso de oferta pode ocorrer se as empresas se tornarem mais eficientes, produzirem o mesmo ou mais com menos ou os mesmos recursos, também se houver maior concorrência. Quando o mercado não consegue absorver esse aumento na produção, as empresas são forçadas a reduzir seus preços, sem que isso esteja necessariamente relacionado a uma demanda menor ou a uma qualidade inferior. Um bom exemplo são os produtos tecnológicos. Qualquer dispositivo é mais barato hoje do que era há 10 ou 20 anos, e a razão para isso não é outra senão o excesso de oferta. Porque todo ano são lançados novos produtos e versões mais competitivas do mesmo produto. 

Consequências da deflação

Você se pergunta como a deflação afeta a economia? A deflação tem um impacto negativo sobre um país em termos macroeconômicos, que pode ser ainda pior do que a inflação. Os especialistas concordam que a redução no nível geral de preços gera um círculo vicioso que desestimula a demanda e, consequentemente, reduz as receitas das empresas. 

Isso, por sua vez, faz com que os preços caiam ainda mais. Os consumidores tendem a esperar cada vez mais para comprar porque esperam que os preços caiam ainda mais. Assim, as empresas devem cortar empregos, o que reduz a renda e a demanda das famílias.

Como combater a deflação?

As autoridades consideram qualquer contexto de deflação como perigoso para a economia e, portanto, tomam medidas para evitá-la. De fato, suas políticas têm como objetivo gerar um determinado nível de inflação que seja tolerável para a economia. Especificamente, elas usam políticas monetárias e fiscais:

  • A política monetária consiste em reduzir o valor da moeda. Para isso, os bancos centrais usam liquidez na economia (ou seja, colocam mais dinheiro em circulação) e reduzem as taxas de juros. O objetivo é incentivar os consumidores a gastar mais. Da mesma forma, os investidores e poupadores são levados a querer obter um retorno para compensar a perda de valor de seu capital. Por exemplo, abrindo um depósito a prazo fixo ou comprando títulos do governo.  
  • A política fiscal é outra forma de combater a inflação negativa ou a deflação. Nessa política, várias medidas podem ser tomadas: aumento dos gastos públicos para compensar a diminuição dos gastos privados; redução dos impostos, para que a renda seja maior e os consumidores possam gastar esse dinheiro no setor privado; aumento das transferências, para descentralizar o consumo público. Assim, por meio da política fiscal, os governos tentam equilibrar os gastos públicos e privados.

Entretanto, essas medidas nem sempre são bem-sucedidas no combate ao problema. De fato, nos últimos anos, os principais bancos centrais do mundo têm imprimido dinheiro em um nível sem precedentes, o que pouco tem feito para gerar inflação. Em vez disso, os preços dos ativos, tanto de renda fixa quanto de ações, subiram a níveis recordes, a ponto de muitos títulos públicos estarem sendo negociados com taxas de juros negativas.

Deflação (Foto - Pexels)
Deflação (Foto – Pexels)

Deflação e investimento

A deflação afeta não apenas a economia, mas também os investimentos. Portanto, a redução no nível de preços implica um aumento no valor da moeda. É como se, automaticamente, todos os poupadores, independentemente de terem investido ou não, tivessem obtido um retorno igual ao nível de deflação.

Por exemplo, quando a inflação é de -0,5%, isso significa que o nível geral de preços caiu 0,5% ou, em outras palavras, o poder de compra da moeda aumentou 0,5%. Essa porcentagem é adicionada ao retorno obtido pelo investidor, de modo que, se o resultado de um investimento for de 5%, o retorno real será de 5,5%, dada uma inflação de -0,5%.

Em geral, a deflação beneficia os poupadores e os investidores. Entretanto, como vimos, ela pode ter um efeito contra o mercado de ações e outros ativos de renda fixa, especialmente por causa de seu impacto negativo sobre as principais variáveis macroeconômicas.